quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Operação Traíra contra o tráfico
19/09/2007
Girlane Rodrigues
Anna Luiza Paixão

Depois de dois anos de investigação, através de interceptações telefônicas, o Ministério Público Estadual (MPE) desencadeou ontem a Operação Traíra, de repressão ao tráfico de drogas nas regiões Norte e Noroeste Fluminenses. Policiais do Grupo de Apoio à Promotoria (GAP) de Campos, Itaperuna, Macaé e do Serviço Reservado do 36º BPM/Santo Antônio de Pádua cumpriram 29 mandados, entre busca e apreensão e prisão — expedidos pela Vara Única de Itaocara — nos municípios de Aperibé, Campos, Guapimirim (Baixada Fluminense) e Itaocara. Dez envolvidos foram presos e outros cinco já cumprem pena, por outros crimes, em Campos, Itaperuna e no Rio. Através das escutas autorizadas pela Justiça, entre os anos de 2005 e 2006, a Promotoria de Justiça descobriu que Celso Estatel de Souza, o Pantera, e Romário Souza Goulart, comandariam a distribuição de entorpecentes de dentro do presídio Carlos Tinoco da Fonseca, em Campos, numa rota que começava no Paraguai e passava pelos estados de Mato Grosso, São Paulo e Rio de Janeiro até chegar à região. O esquema utilizava, ainda, rotas alternativas — Rondônia e Espírito Santo — até a entrega da droga em Itaocara, Pádua, Aperibé, Miracema e Campos, além de São Pedro da Aldeia e Cabo Frio, na Região dos Lagos. Ainda de acordo com o MPE, Celso Estatel era quem coordenava e intermediava, mesmo preso, a compra e distribuição da droga. Ele teria estreita relação com traficantes, também presos em unidades penais do estado de São Paulo. Em Itaocara, na Região Noroeste, Ângelo Márcio dos Santos Amaral, o Munrrá, e Ademir Cardoso seriam os responsáveis pelo transporte do material entorpecente. De acordo com a denúncia, esses dois iam até Foz do Iguaçu — fronteira do Brasil com Paraguai e Argentina — em carros em situação regular ou até mesmo alugados em agências e transportavam a droga escondida em forros e motores dos veículos.
Até 25 anos de prisão
Dos 17 denunciados, dez foram presos, cinco já estavam nas prisões e três estão foragidos. (Veja o perfil de cada um ao lado). Esses tiveram os nomes mantidos em sigilos, para evitar que as investigações sejam atrapalhadas. Os presos vão responder pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas, podendo pegar até 25 anos de prisão. Ainda de acordo com a denúncia do MPE, Ângelo Márcio dos Santos Amaral, o Munrrá, tinha a função de cobrar dívidas do tráfico. Ele já foi condenado por roubo e responde a processo por homicídio e dois por tentativa de homicídio. Outra rota usada pelo bando ficava, segundo o MPE, sob a supervisão de Rodsney Mendes Carvalho, o Lambari, que coordenaria o transporte de drogas compradas em Mato Grosso. Na casa dele, o GAP apreendeu dois aparelhos celulares. A partir deste estado, a droga ficaria sob a responsabilidade de Romário Souza Goulart, que controlaria a venda na região. Segundo a investigação, o quilo de cocaína era comprado por R$ 10 mil. Nas bocas-de-fumo, cinco gramas do pó eram vendidos por até R$ 100.
Lambari jura inocência
Na 135ª Delegacia Legal (DL/Itaocara), Lambari se declarou inocente, afirmando desconhecer o motivo pelo qual havia sido preso ontem. Ele afirmou ter cumprido pena de cinco anos por tráfico de drogas, em Campos, e estar em liberdade condicional há dois meses. “Fui preso há cinco anos, pelo artigo 12, mas não fui pego com nada. Já cumpri o que devia e agora sou inocente, tanto é que estava tirando meus documentos, que eu perdi, para voltar a trabalhar. Quero saber por que eu fui preso e minha esposa também. Ela tem dois filhos e só sabe cuidar das crianças”, declarou. Na casa de Ademir Cardoso, preso em Aperibé, os policias também encontraram dois cheques no valor total de R$ 14 mil. A origem deles está sendo investigada. A Operação Traíra não tem data certa para encerrar. Ontem à noite, os presos do sexo masculino foram transferidos num ônibus do 29º Batalhão de Polícia Militar (BPM/Itaperuna) para a Casa de Custódia de Itaperuna. Já as mulheres continuaram na carceragem da Delegacia de Itaocara. Provavelmente hoje elas serão transferidas para a carceragem feminina da Delegacia de Cantagalo.

Fonte: ODIÁRIONF

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