
Presas de Campos que estão na Delegacia de Miracema começam a ser transferidas hoje para o Talavera Bruce
Jorge Luis Pereira dos Santos
As 43 presas que estavam em condições desumanas na 137 Delegacia de Polícia Civil (Miracema), no Noroeste Fluminense, 39 são de Campos, e vão ser removidas a partir de hoje para o presídio feminino Talavera Bruce, no Rio de Janeiro, até que seja preparado um local adequado na região para que elas possam ser transferidas, possivelmente na Casa de Custódia de Itaperuna, onde uma ala havia sido preparada para servir como presídio feminino, mas que vem sendo ocupada por homens.
A notícia da transferência das presas para o Rio de Janeiro foi passada ontem pelo vereador Geraldo Venâncio (PPS), que foi quem entregou um documento ao governador Sérgio Cabral denunciando as condições precárias que se encontravam as detentas em Miracema. “Tivemos a oportunidade de entregar o documento ao governador Sérgio Cabral e confesso que fiquei surpreso com a urgência. Há de ressaltar o trabalho da Pastoral que foi quem trouxe o caso, do Antônio Carlos Paes e de todos para acabar com as condições desumanas que as presas estavam vivendo”, disse Venâncio.
A denúncia sobre a precariedade da condição da carceragem da Delegacia de Miracema foi levantada pela Pastoral da Igreja Católica que, junto com a defensora pública Beatriz Bogado, esteve no local. Na oportunidade, foi feito um relatório pela defensora. O caso foi denunciado pelo radialista Antônio Carlos Paes e levado à Câmara por Geraldo Venâncio. A partir daí, foi elaborado um documento entregue ao governador Sérgio Cabral.
Venâncio disse esperar que a criação de um espaço para as presas na região aconteça na mesma rapidez com que está sendo feita a remoção para o Rio de Janeiro. Além da Casa de Custódia de Itaperuna, o vereador apresenta como sugestão a adaptação de uma ala na Casa de Custódia de Campos e até mesmo no Presídio Carlos Tinoco da Fonseca, que foi desativado. “A primeira medida foi tomada; agora, vamos aguardar que seja criado um local para as presas que ofereça condições dignas para que cumpram suas penas e que não cause tantos transtornos a suas famílias”, disse.
Talavera Bruce forma profissionais para o mercado de trabalho

Esta é uma das celas da Penitenciária Talavera Bruce para onde vão presas de Campos que estão no Noroeste
ELIS REGINA NUFFER
A Penitenciária Talavera Bruce, que fica no Complexo de Gericinó, em Bangu, no Rio de Janeiro, tem celas, policiais e cumpre toda a legislação no dia-a-dia das presas, mas acabou ganhando fama como uma das unidades inseridas na reforma prisional. É lá que um grupo de detentas fundou, em 2003, o Jornal Só Isso, onde elas ganham voz mostrando o dia-a-dia nas celas e o lado feminino de cada uma. Elas também realizam no presídio o concurso Garota Talavera Bruce que todo ano tem a participação da Imprensa e de várias pessoas da sociedade.
O Talavera forma um triângulo penitenciário junto com a Penitenciária Vicente Piragibe e Esmeraldino Bandeira. Lá, funciona o Projeto Formação Profissional, patrocinado pela Petrobras, com destaque para o curso de Corte e Costura que foi contemplado na Seleção Pública de 2005, através de parceria entre a Fundação Santa Cabrini e a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), no governo de Rosinha Garotinho.
Para participar do projeto, as detentas têm que estar estudando, ter bom comportamento e tempo de internação. A formação profissional conta com professor, auxiliar técnico e orientador psicossocial. Na fase de produção das peças, as internas do Talavera são remuneradas. O objetivo é inserir as detentas no mercado de trabalho quando saírem da cadeia, possibilitando que tenham uma renda certa para ajudar a sustentar a família.
A penitenciária ganhou máquinas de overloque, de casear, de pregar botão, de mosquear, de braço, de costura reta, de duas agulhas ponto corrente e de duas agulhas ponto fixo, e outros equipamentos, como tesouras e agulhas, além de material de insumo para o curso, tudo supervisionado e acompanhado de perto pela equipe que ministra o curso. No Talavera Bruce há também padaria funcionando para socializar as internas e gerando oportunidades de emprego a elas. A penitenciária fica na Estrada de Guandu do Sena, 1.902. Sua capacidade é de abrigar até 338 presas, segundo a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap).
fonte: ODIÁRIONF
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