
O clima foi de revolta ontem e motoristas de lotadas obrigavam vans a parar e fazerem parte do movimento pela legalização do transporte alternativo
GIRLANE RODRIGUES e TELMO FILHO
A operação conjunta realizada ontem, no Centro de Campos, entre os fiscais da Empresa Municipal de Transporte (Emut), os policiais militares e guardas civis municipais causou revolta nos motoristas do transporte alternativo. Eles queriam mais atenção e resolveram interditar as pontes Saturnino de Brito (Lapa) e a pista A da Ponte Rosinha Garotinho, o que ficou concentrado em Guarus, no horário do almoço, mas os efeitos puderam ser notados por toda cidade.
Na Ponte da Lapa pneus foram queimados e na Ponte Rosinha, duas vans impediram a passagem de carros, ônibus e caminhões pelas pontes. Usuários do transporte alternativo, entre eles crianças, idosos e grávidas, foram obrigados a descer do veículo para que os respectivos motoristas fosse obrigados a aderir à manifestação. O fogo foi controlado em poucos minutos por uma equipe do 5º Grupamento de Bombeiro Militar (GBM/Corpo de Bombeiros) e com a chegada da PM, o trânsito foi liberado rapidamente depois do resfriamento do asfalto. Os motoristas realizavam a manifestação por diversos motivos.
A primeira motivação, segundo o motorista de lotação Marcos Américo de Freitas, o Figueirinha, 30 anos, foi em represália à operação contra o transporte irregular; outro motivo teria sido o não cumprimento do poder público da decisão tomada na reunião no dia quatro deste mês, quando ficou acertado que os motoristas de lotada poderiam circular livremente. Por fim, o objetivo foi chamar a atenção do poder público a fim de forçar a legalização do transporte alternativo. “O que queremos é trabalhar. Já que o poder público prefere nos repreender, nós exigimos a legalização do transporte alternativo”, disse Figueirinha.
O motorista Júlio César Cardoso França, 39 anos, sendo sete dedicados ao transporte alternativo, foi mais longe ao afirmar que 70% dos ônibus que circulam em Campos estão com documentações atrasadas. “Por que a polícia, Emut e Guarda não apreendem estes ônibus?”, questionou. A dona de casa Valéria Costa Ribeiro, 33 anos, que é adepta das lotadas, pede ao governo municipal a regularização do transporte ilegal. “Tenho um sobrinho com problemas nos ossos e são as lotadas que nos levam para o médico, o que não podemos contar com os ônibus”, ressaltou.
Reunião para ouvir todas as reivindicações dos motoristas
Presidente da Emut, Ronaldo Linhares, reuniu-se com motoristas de lotadas pouco antes do protesto de ontem
Acontece hoje, às 9h, na sede da Emut, em frente ao Jardim São Benedito, uma nova reunião, onde representantes da Emut, Guarda Civil Municipal e Polícia Militar ouvirão as reivindicações dos motoristas. Antes das manifestações, o presidente da Emut, Ronaldo Linhares, reuniu-se com os motoristas e informou que já existe, desde o ano passado, um projeto de lei para a legalização do transporte alternativo. Segundo ele, o decreto já teria sido assinado pelo prefeito e está na Câmara de Vereadores. Para Linhares, a regulamentação dos transportes alternativos seria uma das soluções em médio prazo para minimizar os problemas que a cidade enfrenta. “Estudamos um projeto para que essa regulamentação obedeça a uma seleção que beneficiaria primeiro os veículos maiores porque têm espaços suficientes para transportar gratuitamente idosos e estudantes. Mas isso ainda não está definido”, explicou. Linhares. Ele admitiu ser uma afronta motoristas de lotadas pegarem passageiros em terminais rodoviários. “Isso é uma avacalhação”, frisou.
De acordo com o comandante da Guarda Civil Municipal (GCM), o major Francisco Oliveira Balbi, esta ação integrada deve ter continuidade, já que todos estão aplicando a lei. “Estamos atuando para inibir o transporte ilegal através do Código de Trânsito Brasileiro (CBT) e só de janeiro deste ano até hoje (ontem) foram feitas mais de 500 notificações relacionadas ao transporte clandestino”, relatou. Balbi informou que 15 homens da guarda trabalharam ontem na operação, onde 15 vans foram retidas e aos motoristas foi aplicada uma multa de 80Ufirs e perderam quatro pontos na Carteira de Habilitação, já que esta é uma infração média. Os veículos foram liberados em seguida, pois em Campos ainda não há depósito público para guardá-los. Mesmo não sendo competência da PM fiscalizar o transporte ilegal, os policiais também deram apoio no sentido de verificar a documentação do motorista e do veículo. Segundo o comandante do 8º BPM, coronel Gelesi Ribeiro Vieira, a polícia garantiu também a integridade física dos guardas e dos fiscais da Emut.
fonte: ODIÁRIONF
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