19/07/2007
Quando ele começou a escrever, logo conquistou uma imensa gama de leitores, sobretudo a juventude. Seus textos traziam o modernismo tão esperado nos anos 90. Caio Fernando de Abreu partiu precocemente, vítima da Aids. Sua arte, no entanto, cresce a cada dia e se faz presente nos palcos de todo o País. Em Campos não é diferente. A peça “Os Dragões não conhecem o paraíso” vai estar em cartaz no Teatro do Sesi sábado e domingo, a partir das 20h. Trata-se de um monólogo, estrelado por Kalzinho Freitas, numa montagem da Kapitar Produções, que abre o Circuito Cultural do Sesi RJ. Ingressos custam R$8, sendo R$4 para estudantes, idosos e sócios da instituição.
“Os Dragões não conhecem o paraíso” é título de um livro de contos do escritor, e também título de um dos contos da obra, lançada em 1988. O livro foi o sétimo lançado por Caio em sua carreira. Nele, o autor conta a história de uma pessoa que se sente só em meio ao mundo globalizado. Ele então cria seus castelos e dragões, a fim de subsistir aos dissabores dos novos tempos.
Transportado para os palcos, o personagem principal arruma seu apartamento como quem prepara um templo, cheio de reflexões, tentando se exorcizar de fantasmas e encontrar sua verdadeira identidade.
Circuito Cultural Sesi RJ
O Circuito Cultural Sesi RJ foi aberto em maio, com a proposta de oferecer entretenimento cultural à população constantemente, com ingressos a preços populares. Em Campos, o projeto é coordenado pelo diretor de teatro Fernando Rossi.
O mês de maio contou com a montagem de duas peças. A primeira foi “Conselho de Classe”, com o grupo dirigido por Adriano Moura. Em seguida veio “Lisístrata – Greve de Sexo”, montada pelo Grupo Cortinas Abertas, do próprio Sesi Campos, que continuou no mês de junho.
Julho traz “Os Dragões não conhecem o paraíso”, da Kapitar Produções. No próximo mês, o palco do Teatro do Sesi Campos será ocupado por um projeto lítero-musical. “Queremos oferecer cultura nas mais variadas formas. Além de privilegiar a poesia e música em agosto, queremos abrir espaço para a dança. Estamos programando para o final do ano uma mostra de dança. As inscrições já estão abertas para os grupos e academias que quiserem participar”, adiantou.
Segundo Rossi, o Circuito Cultural Sesi RJ acontece em todas as unidades da instituição no estado que possuem teatro. Elas ficam em Campos, Macaé, Itaperuna, no Noroeste Fluminense, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e no município do Rio de Janeiro.
Caio Fernando de Abreu
Caio Fernando de Abreu nasceu em 12 de setembro de 1948, em Santiago, no Rio Grande do Sul. Morreu em 25 de fevereiro de 1996, em Porto Alegre. Deixou um lastimável hiato no contexto da renovação literária brasileira. Ele é apontado como um dos mais instigantes e criativos escritores de sua geração. Não há dúvidas de que Caio foi responsável por fazer com que muitos jovens e adolescentes se interessassem pela leitura. A característica principal de Caio era seu jeito de falar diretamente ao jovem, indo ao encontro do que a juventude estava esperando.
Lygia Fagundes Telles aponta Caio como escritor da paixão. Ele também era desenhado como o fotógrafo da fragmentação contemporânea. Seus personagens cheios de som e fúria movimentam-se em meio às ruínas de um mundo em plena decomposição, com pequenas simulações de felicidade. São pessoas exiladas dentro de si mesmas, sempre em estado de ameaça por todos os vírus do início do novo milênio, como a própria Aids, que o acometeu, na busca de prazer. O livro é um retrato do Brasil atual, do interior, à beira de um abismo. Um retrato da mais cruel realidade, onde também é possível encontrar inesperados sopros de lirismo.
fonte: ODIÁRIONF
segunda-feira, 23 de julho de 2007
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